FINAL DO SEGUNDO TURNO SERÁ A MESMA PRIMEIRO TURNO. CONFIANÇA X BOHEMIA: UM JOGO PARA ENTRAR NA HIST

Final será próximo sábado (21.11), às 8h na sede da ASTRA 21, em Pium.



"Um jogão cujo resultado apimentou a semifinal, pois ambas as equipes vão se enfrentar e ninguém pode prever as cenas do próximo capítulo".  

Esse foi um dos trechos da resenha da semana passada onde já se cantava o que poderia ser a partida entre Confiança x Bohemia - pelas semifinais do segundo turno -, após o resultado de vitória do Confiança no instante final da última partida da fase preliminar e cujo resultado fez com que as duas equipes se enfrentassem no duelo para chegar a final.

Mas ninguém tinha ideia do que aconteceria no tapete verde da ASTRA 21 no último sábado. Difícil descrever o que ocorreu. O que vou colocar na tela não sou eu quem escreve. Para se mostrar o que aconteceu tem de ser de outro planeta ou de outro plano. Vou psicografar - como um Chico Xavier - o que Nelson Rodrigues, João Saldanha ou Armando Nogueira descreviam em crônica suave o que acontecia no templo sagrado do Maracanã em batalhas épicas.

As equipes começaram o jogo assim: Confiança: Vinícius, Gil, Fabrício e Amando; Juninho, Damião, Monteiro e Denílson.  O Bohemia com: Richarlyson, Bessone, Gomes e Wilde; Pimenta, Patané, Robinson e William.

Breve análise e se vê ambas as equipes totalmente ofensivas. O Bohemia jogando para ganhar, pois era o único resultado que lhe interessava. Tinham 05 atletas no banco (Paraguai, Geneci, Luiz Carlos, André e Wladimir). O Confiança desfigurado. Ausente um time inteiro: Camilo, Alípio, Márcio, Laércio, Veríssimo, Capistrano, Augusto e Tonho. No banco apenas Assis.

Começa o jogo no horário. Ainda cumprimentava Elacir, o torcedor nº 1, quando o Bohemia abre o placar com Robinson. Um gol de pelada quando o relógio não havia sequer dado a primeira volta do ponteiro. O Bohemia era o único time em campo. A bola fluía fácil enquanto o Confiança, todo modificado em especial na defesa, não saía para o jogo. Denílson, na melhor oportunidade, chutou mais o chão que a bola. A presença do Bohemia na área do Confiança era constante e num novo lance, William chutou, Gil tentou interceptar, a bola pega efeito, sai da mão de Vinícius e Robinson faz de cabeça. No lance seguinte o Bohemia rouba a bola na defesa, Patané sai em contraataque, toca para Bessone na direita, recebe de volta, puxa para o meio e bate cruzado de esquerda, rasteirinho. Gol do Bohemia. Inacreditáveis três a zero em 15 minutos. Charles tem piedade e encerra o primeiro quarto.

Volta para o segundo quarto. Pebarovic tenta mexer no seu time. Põe Assis avançado na área. Recua Monteiro e desloca Damião para a lateral. O Bohemia começa a rodar seu elenco oxigenando o jogo. Inúmeras chances são desperdiçadas pelos boêmios. Um a um os gols são perdidos na cara do goleiro Vinícius que faz o primeiro milagre ao buscar na ponta dos dedos um chute venenoso de Wilde que chegava na gaveta direita do gol das piscinas.  A frente da área do Bohemia tinha um dono: Gomes. Xerife com categoria. Antecipando-se ao atacante e saindo para o jogo. Rifando quando preciso. A bola do Confiança não tinha vez naquele território. Então, Assis faz o pivô protegendo a bola de costas para gol e recebe a carga. Falta na entrada da área. Richarlyson, que por força da natureza já é uma barreira, organiza outro muro a sua frente. O Confiança mantém seus jogadores estrategicamente prontos para o arremate. Assis de lado da bola cobra curtinha tirando da primeira barreira para Amando bater de chapa e vencer a segunda barreira. Gol do Confiança aos 26". Um indicativo que o time estava vivo. O Bohemia tenta reagir num contraataque rápido, mas Vinícius faz o segundo milagre abafando William fora da área. Fim de primeiro tempo.

O olhar dos espectadores era de interrogação. Chegara a hora do Confiança ficar de fora de uma final. Teria o Confiança força para reagir?  O Bohemia continuaria o massacre? Estaríamos diante do prenúncio de um novo 7x1 em semifinal?????? 

Começa o segundo tempo com um sem pulo fantástico de William na cobrança de escanteio e que passou perto do gol de Vinícius. O Confiança totalmente envolvido. Nada dava certo para os azuis. A cada ataque do Bohemia havia um homem solto dentro da área, mas por capricho ou algo sobrenatural a bola não entrava.

Em jogos desse tipo alguém tem de puxar a responsabilidade para si e decidir sozinho o que não se consegue na coletividade. Aos 12" Denílson recebe na intermediária pelo lado direito, carrega a bola em direção ao gol e da entrada da área manda um petardo no ângulo superior direito de Richarlyson. O gol enervou os azuis e pela primeira vez se viu os boêmios abaixar a cabeça. Denílson aproveitou o momento e quase num replay, no mesmo território, carrega a bola e ao invés de chutar, corta para dentro da área e bate de esquerda rasteira e empata o jogo. Encerrado o ¾ e inicia-se o que só quem estava lá teve o privilégio de ver.

O quarto quarto: "onde as coisas acontecem". Clichê manjado e mais real do que nunca. Sempre atual a cada sábado. Nesse momento os deuses do futebol saem do descanso de suas tumbas e passeiam pelo tapete verde da ASTRA 21, inspirando boleiros que se travestem de guerreiros ao calçarem as chuteiras como quem empunham lanças e vestem o uniforme como se fossem escudos. No rosto rosado pelo sol abrasador de Pium não se vê cansaço. A arquibancada é pura expectativa. A hora é de superação. O resultado agora é favorável ao Confiança. Os times se unem em círculo. Pebarovic balbucia algumas palavras. Sua voz já acabou faz tempo, mas seus olhos transmitem a força, a gana, o espírito, a CONFIANÇA. Do outro lado o Bohemia reage. Também se fecham entre eles e prometem suar sangue. O momento era deles e o que aconteceu foi uma desatenção.

Primeiro lance do último quarto. Cruzamento na área do Confiança. Luiz Carlos, grandalhão careca, surge por trás da zaga e cabeceia sozinho. Poderia ter estufado as redes do muro, mas fechou os olhos e mirou o chão. A bola amorteceu na grama e faz Vinícius perder o tempo. Mas, cristianamente felino, como o goleiro do Real Natal, consegue com a ponta dos dedos fazer o seu terceiro milagre do dia, em cima da linha de gol. Pimenta ardeu seu chute de fora da área e mais uma vez Vinícius buscou. O Confiança só se defende. Seus jogadores estão exaustos. Gil, Fabrício e Juninho passam a "morar" na própria área. O Bohemia vai todo ao ataque. A bola chega aos pés de Assis no meio de campo. Ele conduz na frente de Gomes. Pivô clássico e experiente, Assis lê nos olhos de Gomes a investida e antes que o defensor desse o bote, limpa para a esquerda e chuta cruzado, rasteiro, com a bola ainda batendo na trave antes de morrer mansa no fim do gol do Bohemia. Uma virada fenomenal e que somente quem esteve na ASTRA 21 no dia 14.11.2015 pode dizer que testemunhou a história.

Depois desse jogo o Meia Boca x Tribunal de Justiça entraram para fazer a segunda partida das semifinais. A vantagem do empate era do Meia Boca. O jogo foi estudado durante todo o primeiro tempo, com algumas chances de gol, mas que não chegaram a empolgar quem assistia ao jogo. O lance de maior perigo partiu do defensor Tasso (TJ), que mandou sem querer para suas próprias redes tendo Anderson - o goleiro careca amigo de Felipe da SEA - feito espetacular defesa. Instantes após o MB marcou num belo gol de Neto Bola de fora da área. Logo após Marcos Alves empatou numa cobrança de tiro livre direto após a 6ª falta do MB. Não deu tempo de comemorar. Augusto Curinga se antecipou à zaga e ao goleiro e tocou com o bico da chuteira para colocar o MB na frente outra vez. Tudo isso ocorreu nos últimos 4 minutos do 2/4.

No retorno para o segundo tempo o TJ aventurou-se para o ataque. A sua zaga limitou-se a Tasso, sozinho, que muitas vezes mostrou ser um gigante para impedir o gol do adversário. Scala e Neto Bola passaram a comandar o meio de campo com jogadas de categoria e estilo. Num desses ataques, Neto deixou Scala na cara do gol, mas Fernando veio no carrinho e impediu o que seria o terceiro gol. Marcos Alves empatou e assumiu a liderança da artilharia. Nos últimos instantes o TJ foi só pressão, mas o Meia Boca soube segurar, garantindo seu lugar na final.

A partida do próximo sábado será entre Confiança x Meia Boca, sem vantagem para ninguém. A recomendação da coluna é que quem gosta de bom futebol não deixe de comparecer. A partida promete.

 

  • Coluna do Kolluna FC

 

1)      A ASTRA 21 já assistiu a vários grandes jogos em suas dezesseis edições. Mas quem viu o que se viu sábado, definitivamente, testemunhou a história. Lembrando, ainda, que o Confiança completou sua terceira partida seguida com emoção. Começou com a goleada no MB (24.10), a vitória no último instante sobre o Bohemia (07.11) e a virada histórica contra o mesmo Bohemia (14.11);

2)      Último quarto do jogo Confiança x Bohemia. Genildo Pebarovic gritava "tá tudo erradoooo" com um fio de voz toda vida que o Bohemia se lançava ao ataque. O time ouvia, mas cadê pernas para atender a marcação que o professor pedia?

3)      Comentário de Elacir - torcedor nº 01 - ao fim da primeira partida da semifinal: "- Não tem como escolher somente um para ganhar o motorádio". Isso explica a tamanha doação de quem entrou em campo;

4)      Charles Elliont passou a adotar um novo estilo. Ameaçar a pôr todo o banco para fora nas reclamações excessivas. Foi assim na semana passada com o TJ e esta semana com o Bohemia. Risos gerais;

5)      Confiança x Meia Boca farão a sua terceira final. Até agora três vitórias do Confiança. A escrita permanece?

6)      Os finalistas ralaram para chegas as finais. Mérito do Bohemia e do TJ que lutaram até o fim e valorizaram os resultados das semis;

7)      Caso o Confiança vença o segundo turno repetirá 2014 e será Campeão dos dois turnos e do Campeonato/2015. Vitória do Meia Boca leva a disputa para a finalíssima no dia 28.11;

8)      A ASTRA 21 sábado poderá ter o primeiro estrangeiro a ser campeão de uma edição: Amando, o espanhol do Confiança;  

9)      A coluna testemunhou diálogo aprazível entre o Treinador Biúla e o zagueiro Marcelo "Piu":

(TB) - Solte a bola. Você tá prendendo demais.

(MP) - Você tá reclamando demais.

(TB) - Só quer ser o David Luiz.

(MP) - *&%$#@, Biúla.



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