PRIORI HOMENAGEIA AS MÃES. JF DÁ PASSO IMPORTANTE A CLASSIFICAÇÃO



Os jogos de encerramento da 5ª rodada definiram a classificação de duas equipes para as semifinais. O JURIS e o Tribunal de Justiça já podem se considerar classificados, embora ainda restem duas rodadas. Na verdade os jogos do próximo sábado e que abrem a 6ª rodada poderão definir os quatro classificados com uma rodada e meia de antecedência. Basta a OAB vencer o JURIS e o TJ vencer a SEA, considerando que a Justiça Federal ainda teria dois jogos teoricamente mais fáceis de vencer.

Mais o que aconteceu na rodada passada? No fim de semana dedicado às mães, o Priori, que iniciou o campeonato com o discurso da mudança, de que seria a nova força e que lutaria em pé de igualdade com os demais a ponto de conseguir a inédita classificação para uma semifinal, voltou a ser o que o seu antecessor – Os Piratas – sempre foi: UMA MÃE. Nos dois últimos jogos o Priori levou 18 (dezoito) gols e fez 03 (três). Sua defesa, como uma mãe a parir de cócoras, escancara-se ao ataque dos adversários, trazendo a lembrança do velho Piratas e junto com ele a comemoração das derrotas com uma galinha gorda, como faz questão de dizer o seu líder Floriano.

Aliás, quando Floriano entrou na sede da Astra 21 lembrava uma garrafa de Old Parr. Redondinho, com uma barbinha branca – ainda que rala – e a experiência que o conteúdo do fino whisky reserva.

O Priori iria enfrentar o JURIS, um dos times que lutam pelo título e que poderiam, naquela partida, definir sua classificação.

O JURIS estava desfalcado de seu arisco centroavante Carlos “Bago” Magno, que não retorna aos gramados neste semestre em face de séria contusão nos ligamentos do joelho direito. Mas o time mostrava uma vontade superior de jogar. Parecia que naquele dia tudo viria a dar certo. Quase tudo.

Início da partida e no latino duelo dos times de denominação em latim, o JURIS pressionou o Priori desde a saída de bola. A blitz traduziu-se em desespero no time de Floriano, que mesmo tendo prometido ao menos um empate para presentear Edmilson pelos seus 50 anos recém- completados, não conseguia sair jogando. Aliás, com tal revelação sobre a idade nova do Ed, o Milson, um novo “veinho estirado” desfila na sede da ASTRA, com o Armando Viana ganhando agora nova alcunha: “o veião estirado”.

Por falar em Armando, sua peculiar natureza de jogar só para ele sem dividir a bola com ninguém criou conflitos internos no time. Bruno “Hulk” Julião discutiu com o “Veião” e, diante da evidência recente do super-herói nas telas do cinema como um dos Vingadores, já estava quase verde porque a bola não saía dos pés de Armando. Em meio à discussão uma pérola, uma frase de efeito dita pelo Marvel Bruno: “Você prioriza a bola só para você, e fez o time ficar prior”.

Gargalhadas de todos e, em face o bate-boca, Charles foi mais uma vez obrigado a meter a mão no bolso e aplicar o cartão amarelo para os dois da mesma equipe, situação que está ficando corriqueira na sede da ASTRA, pois semana passada também houve ocorrência semelhante com outra equipe.

Depois do jogo, já na resenha, se soube que a discussão foi um plano da cúpula do Priori que estava “armando” uma forma de Viana não jogar o próximo jogo. O cartão amarelo era a forma mais fácil, pois foi o segundo e o elimina automaticamente da próxima partida – que será o clássico contra o Barça – quando os dois times terão a oportunidade de tirar o dedo e conseguir a primeira vitória.

Mas voltando ao jogo, o JURIS jogava fácil. Os gols foram saindo naturalmente. Estava tão fácil que este resenheiro fez inveja ao centroavante Deivid, do Flamengo, perdendo o gol mais surpreendente de toda a história das 13 edições de nosso campeonato. Um lance digno do Inacreditável Futebol Clube.

Os primeiros gols do JURIS foram de rara beleza. Camilo e Henrique “Espinho” estufaram as redes com chutes de fora da área e Cesino pegou um sem-pulo num escanteio. Porém, o mais bonito estava por vir. Alípio, com toda a sua experiência de velho pivô do futebol de salão, recebeu de costas entre o zagueiro Tião e o ala Ed, o Milson, protegeu a bola, virou-se em direção ao gol para encarar a marcação, com um drible seco tirou os dois adversários, entrou na área e, diante da trave, num espaço milimétrico, transformou-o em latifúndio para deixar o goleiro no chão antes de empurrar a bola para o fundo da rede. Assina Alípio, assina que esse gol ficará na retina de todos como um dos lances dignos do futebol arte que assistíamos no passado e que aprendemos como sendo a característica maior do futebol brasileiro: a arte. Um gol de placa e perdoem-me o exagero, com a mesma plasticidade a lembrar daquele antológico gol de Zico contra a Iugoslávia no Mundão do Arruda, em Recife, em que as câmeras flagram um gandula comemorando o gol antes mesmo da bola entrar, quando Zico começa a fazer fila em seus marcadores.

O primeiro tempo terminou em 5x0 e estava eliminada a diferença de gols entre o JURIS e o TJ e que definia o primeiro lugar na classificação. Mas aí vem o segundo tempo e o relaxamento é natural. Com isso, Floriano sempre artilheiro, aproveitou-se de bobeira na zaga e fez o primeiro do Priori. O gol inervou o JURIS que fez 7x1, levando o segundo de Bruno “Hulk”, já amadurecido após o processo de esverdeamento contra Viana. Indo atrás de saldo de gols a lhe garantir a liderança meteu mais dois, decretando o placar final em 9x2.

Um fato merece o registro. O JURIS é um time com jogadores oriundos de várias equipes que já não existem mais. Um time com pessoas que gostam de nosso campeonato e que encontraram nessa reunião uma maneira de continuar participando dessa sadia brincadeira, ainda que você tenha de sacrificar a sua noite de sexta e acordar cedo num sábado. São pessoas de todos os tipos, com jeito próprio, condições e classes sociais, mas que em nenhum momento demonstram ser isso ou aquilo, mais ou menos. Ali são integrantes de um time que tem o prazer de jogar futebol e congregar amigos, e isso ficou muito claro nas reuniões sociais que o time já proporcionou, seja quando da viagem a Mossoró no segundo turno passado, seja na confraternização de fim de ano (2011).

Um deles, entretanto, é a imagem da humildade. O “irmão” Zé Carlos sai da Zona Norte de madrugada para estar presente em Pium na hora do jogo. Quando todos voltamos para casa, ele ainda tem uma Odisséia para cruzar em direção a sua casa nos limites da cidade com São Gonçalo do Amarante.  De poucas palavras, Zé Carlos me surpreendeu na carona de ida ao me dizer que tinha um compromisso naquele jogo. Prometera um gol ao filho Gabriel.

Pensei comigo. “Esse mago vai correr mais do que tudo atrás do objetivo. O Priori está f...”. E assim foi. Zé Carlos voou em campo. Foi o único que não foi substituído. Jogando pelas laterais, esteve no ataque várias vezes. Foi dele o passe para que eu perdesse o gol mais feito dos últimos tempos, quando ele poderia ter chutado a gol. Mas tudo tem seu tempo. No fim de semana de homenagem as mães, ele quis mostrar ao filho que é pai e é mãe, que o seu carinho pode ser traduzido de várias formas, e que a paixão pelo futebol é apenas uma das coisas que ele gostaria de ensinar ao garoto.

Fim de jogo. Contra-ataque rápido. Bola chega à área nos pés de Alípio, que nada sabia do desejo de Zé Carlos. O avante prepara-se para definir o placar e vê o vulto branco passar ao seu lado pedindo a bola. Como um pai, a dar um presente ao filho, Alipão rolou a bola com carinho para o pai decidido a cumprir sua promessa. Um gol com a explosão de toda a emoção, e lá vem o tímido Zé Carlos comemorar comigo, num misto de vergonha e alegria, dizendo eu fiz, eu fiz, eu fiz.

Belíssima imagem para fechar a cortina do primeiro jogo e definir a classificação do JURIS.

Segunda partida era um jogo de titãs. A SEA recebia a Justiça Federal e um resultado positivo deixaria o vencedor em condições de classificação. Uma derrota poderia ser o início de uma derrocada.

A JF exibia seu novo uniforme. A palavra correta é uniforme mesmo. Com tantas cores no mercado o time de George Gentile, Gilberleide, Augusto e Cia Ltda foi buscar as mesmas cores do New Real Natal. Um jerimum que lembra aqueles macacões dos plataformistas da Petrobrás, que são obrigados a usar aquele negócio porque estão no meio do mar e num acidente as cores aberrantes se destacam, facilitando o resgate. Só que quem vai ser resgatado lá na sede da ASTRA??????? E o amarelo-jerimum da camisa junto com o azul do calção e as chuteiras coloridas do time provoca um mal-estar na retina de quem está assistindo o jogo. Um desfile já denominado JF Fashion Week.

A poderosa SEA não se mostrou tão poderosa assim. Parece que o time jogou com o freio de mão puxado. Logo no início da partida levou o 1x0 e começou o sufoco, em especial com os contra-ataques de Monteiro e Denilson, além do fôlego natural de Augusto. A zaga da SEA com Netinho e Carlos Mota muitas vezes se viu perdida e sem ação diante da rapidez do ataque adversário.

Só no segundo tempo é que a SEA esboçou alguma reação, não obstante o meio de campo continuasse lento em demasia, sem que Netinho, Artur ou Marcelo Lira criassem situações de gol.  Somente Tonho “Cabeça” mostrava-se com alguma lucidez.

O avante Paulo tentava, mas esbarrava num dia feliz de George Gentile, que mesmo fantasiado de Fabiano, goleiro do América FC, não “arrotou” nem falhou em nenhum lance, sem fazer jus a fama do goleiro recentemente dispensado.

Serjão empatou o jogo numa bela cabeçada. Denilson colocou novamente a JF na frente. Netinho mais uma vez empatou. Para a SEA esse placar já seria uma vitória pelo que apresentava no jogo. Mas a JF tem sua dupla de ataque mortal nos contra-ataques. Em dois lances dois gols, fechando o caixão.

Do lado de fora Gilson “Mamu”, inspirado em Paul Roger, tentava mexer no time inutilmente. A cada bola que saía na lateral ao seu lado ele tentava dar velocidade ao jogo devolvendo a bola rapidamente. A turma resenheira que assistia o jogo e não perdoa, passou a chamar o “Mamu” de “a gandulinha do Botafogo”, embora em relação a original o “Mamu” só lembre mesmo a paixão pelo time da Estrela Solitária.

Fim de jogo e placar de 4x2 para a Justiça Federal que deu um grande passo para as semifinais, já que ainda terá pela frente o NRN e o Priori e poderá chegar aos 15 pontos. A SEA estancou nos 08 pontos e ainda terá pela frente TJ e JURIS, uma parada indigesta.     



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