TJ APAGA O FOGO DA JUSTIÇA FEDERAL. REAL PERDE PARA O "REAL" E CAI NA REAL



Amigos boleiros,

Antes de falar sobre a rodada de sábado, peço licença a vocês para prestar a minha homenagem ao mestre Chico Anysio, falecido na última sexta-feira.  Homenagem sincera de um menino que conheceu o artista através do antigo Chico City, em meados dos anos 70, ainda em preto e branco na TV Globo. A mesma TV Globo que manteve o artista no isopor nos últimos anos, deslocando-o com oportunidades somente para fazer pontas em novelas, e agora, depois de sua morte, eleva-o com especiais, numa demonstração clara de hipocrisia.

Nos anos 80 fui com a namoradinha de então a um show do Chico Anysio no Teatro Alberto Maranhão. Um show! Dele e do meu vizinho de poltrona, conhecido advogado da cidade, bêbado, que ria escandalosamente de cada piada contada e que foi até perto do palco para dialogar com o artista, que com habilidade, atendeu-o e despachou-o.  Lembranças.

Serei rápido. Vapt-vupt.

Assumirei a performance cênica de Lobo Filho (sua sátira a Cid Moreira), um dos principais âncoras do Jornal do Lobo, junto com Roberval Taaayyyyllooorrrr. Lembrem que ele tapava a orelha com uma das mãos, dando ênfase ao defeito físico do famoso locutor que deu vida a Mister M, nas noites de domingo, no Fantástico.

 Assim como Chico Anysio, que viveu dando vida a tantos papéis, quando entramos na sede da ASTRA 21 para as partidas do Campeonato de Mini-futebol mudamos de identidade.  Deixamos para fora das dependências do clube a nossa vida profissional, problemas, agruras. A bola é nosso objeto de desejo e por ela nos transformamos, mesmo que apenas por 04 (quatro) tempos de 15 (quinze) minutos.  Uma coisa mais ou menos como o Chico fazia quando entrava no camarim e saía travestido de um dos seus 209 (duzentos e nove) personagens. 

No campo da ASTRA 21, embora não admitamos, somos uns Coalhadas, histórico personagem estrábico e de cabelos encaracolados, que se acha craque e é um autêntico perna-de-pau. Temos os Haroldos, o hetero. Machão!!!. Também os Santelmos, “tem que ser como eu, durão”. A discussão entre os jogadores de alguns times nos intervalos e ao fim de cada jogo lembra Seu Popó e o impagável “você é um iiiidiota”.  A derrota em um jogo faz com que queremos revanche e prometemos que “a minha vingança será maligna”, numa alusão a fala de Bento Carneiro, o vampiro brasileiro.  Já aquele célebre manager parece o Nico Bondade (“eu não posso perder esse emprego”), embora todos os outros jogadores, a respeito do manager, pensem como o Nazareno (“tá com pena, leva procê”).

Mas os personagens ganham vida mesmo é quando termina a pelada e se reúnem para a tradicional cerveja gelada – às vezes nem tão gelada assim - de Mizael. Lá, o Coalhada transforma-se em Tavares (“sou mais quem não é???”), e as conversas transbordam em criatividade dignas das empolgadas peripécias de Seu Pantaleão, só faltando mesmo alguém para disparar o chavão: “É MENTIRA, TERTA”.

E o salário, ó!!!    

Quanto aos jogos, podemos dizer que o campeonato ganhou mesmo outra conotação este ano. Não tem mais pato morto. As derrotas são vendidas a alto custo do suor e da transpiração.

No primeiro jogo o início mais parecia um show do Blue Man Group, aqueles bonequinhos de azul que sustentam a propaganda de uma telefonia incompetente e inoperante que nos deixa falando sozinhos mais de uma vez ao dia. Os dois times chegaram para jogar com uniformes quase iguais, na cor azul. Sobrou para o TJ que foi obrigado a vestir o colete para a necessária diferenciação entre as equipes.

Só quem não estava de azul era George “Raul Plasmann” “Ternurinha” “Wanderléia” Gentile. Mas isso é um capítulo à parte a ser tratado mais à frente.

Iniciada a partida, o TJ entrou com a mangueira na mão. Êpa! Melhor explicar esse negócio para que os desavisados não entendam mal. Na verdade, é notório que a Justiça Federal reforçou sua equipe, inflamando o time com os convidados Monteiro e Denilson, “homens do fogo” que emprestam sua habilidade e preparo físico a serviço da nossa co-irmã federal. Para apagar as chamas da JF, cujas labaredas engoliram a OAB na rodada passada, o TJ tratou de armar um esquema especial de marcação.

Mas a Justiça Federal, sensação da primeira rodada, mostrou que não está para brincadeiras e abriu o placar. Então, Renato Teixeira, técnico do TJ, exigiu que o seu time começasse a jogar nos termos da sua vistosa camisa do Barcelona, a qual ostentava elegante.  Com isso, o time passou a botar a bola no chão envolvendo o adversário, conseguindo virar o placar. Só que antes de terminar o primeiro tempo a JF empatou a partida em cobrança de falta. Logo após, um desentendimento entre os jogadores. Laércio (JF) achou que tinham sujado, propositalmente, sua sapatilha (chuteira!) rosa. Reclamou acintosamente com Charles. A pantera cor-de-rosa, nossa autoridade, que já tinha mostrado as garras para Viana no sábado passado, não titubeou e amarelou o atleta.

Iniciado o segundo tempo, numa disputa assanhada entre o mesmo Laércio (JF) e Martoni (TJ), foi o necessário para que Charles mandasse os dois para o chuveiro, descabelando os  treinadores Renato e Peba que ficaram desfalcados. A ausência de dois atletas fez com que o campo crescesse, e quem soube aproveitar melhor esse fator foi o TJ, embora, em tese, os espaços dariam mais poder para os arranques dos bombeiros, que foram inutilizados pela retranca da Justiça Estadual.

Jogo difícil só se ganha nos 15 minutos finais. Esse é um histórico característico de nosso campeonato. E assim foi. No último quarto a partida ganhou em emoção. O TJ fez 3x2 e o jogo passou a ser lá e cá. Então, o homem que ganhou o moto-rádio da rodada de abertura teve seu dia de revés. George Gentile, que jogava pela primeira vez contra seu ex-time, arrotou a bola nos pés do adversário, que empurrou para o fundo do filó fazendo 4x2. A JF ainda teve forças para marcar o seu terceiro gol, mais no final do duelo entre as Justiças, melhor para a Estadual: 4x3.

Quanto a George “Raul”, desta feita ele não surgiu como no jogo passado, nem em performance, nem na indumentária. Incomodado com o amarelo-canário que fizemos questão de enfatizar, apresentou-se agora como um Urubu-rei, num vermelho-negro a fazer inveja ao mais fanático dos torcedores do Flamengo, do Sport e do Milan. Na resenha pós-jogo, lá em Mizael, diziam que “Raul Plasmann” tinha sido substituído por “Julio Cesar”, atual goleiro da Inter/Milão e da Seleção Brasileira e que ultimamente não tem reeditado suas melhores atuações. As discussões já foram lançadas para saber qual vai ser a ave escolhida para ser representada no próximo embate, dia 14.04 contra o Barça: a) Kracatoa de Bornéu; b) Pavão; c) Periquito australiano. Eu, a despeito das opções anteriores, acredito que ele vem de Blu, aquela ararinha azul do filme brasileiro Rio e que bateu na trave na disputa do último Oscar de trilha sonora. Façam suas apostas.

Segundo jogo. O JURIS enfrentou o Real Natal New. Antes, porém, a cerimoniosa entrega do novo material do time eficientemente distribuído pelo representante/patrocinador/jogador Camilo, que estampou mais uma vez a marca de sua Confiança Seguros. Com todos esses requisitos há quem esteja chamando Camilo também de manager, a exemplo daquele nosso velho amigo daquele novo time. Aliás, resenha sem falar em Paul Roger não tem graça.

Pois bem. O uniforme do time do JURIS é de um bom gosto digno do futebol apresentado pela equipe (eeiiiita!!!!). Camilo distribuiu camisas, calções e meiões, todos brancos com detalhes em negro, lembrando muito a célebre camisa do Real Madrid, matriz do Real Natal. O novo manager comunicou aos seus colegas de time que o material era doado, gratuito, sem ônus, mas que a título de colaboração, apenas pela impressão do escudo do JURIS (mínimo e quase imperceptível no peito), pediria uma singela bagatela de R$ 290,00 (duzentos e noventa reais) de cada atleta. Ao ouvir isso Marcelo “Patinha” escondeu-se e esqueceu até o futebol que o fez ser destaque na rodada passada.

Então era Real versus Real. Um New Real contra o JURIS vestido de Real. O JURIS, além do uniforme, trazia como novidade o tanque Capistrano, retornando aos campos após uma cirurgia para retirada de um bicho-de-pé que gostou do lugar e constituiu família e logo transformou-se o lugar em uma colônia. O zagueirão chegou dizendo que não estava totalmente recuperado, mas só 73%. Como ele aferiu essa condição ninguém sabe. Nem Pitágoras, nem Henrique Meirelles do Banco Central.

Iniciada a partida, o RN apertou a saída de bola do JURIS. O RN é o time mais internacional do nosso campeonato. Trouxe Serginho, um dos craques do futsal potiguar que já jogou em times da Espanha, Rússia, Sudão, Etiópia e Ilhas Faroe. Optou por encerrar a carreira no New Real. Tem suas razões que não nos cabe contestar. Mas internacional mesmo é Lamas Neto, que agora mostra seu talento pelo mundo afora como grande jogador que foi! (ou é?). Tudo bem que ele joga basquete, que não tem nada a ver com futebol, mas que ele é internacional ninguém pode negar.

E a partida era igual. O Irmão Zé Carlos levou três faltas seguidas e só parou de apanhar quando Elliont mostrou o cartão para Robson. Numa dividida besta no meio de campo, a bola resvelou na canela de “Espinho” e entrou no gol do RN. O JURIS achava o seu gol. É verdade que teve outras oportunidades criadas, mas o RN mostrava que tinha um excelente goleiro. Mas o ataque do Real também chegava com perigo, chegando a ter uma bola no travessão de Vinícius. A defesa do JURIS estava muito segura com Kolberg, Fabrício e Camilo (depois Cesino). Aliás, gratifica-se bem quem souber o segredo do lateral direito do JURIS em conseguir jogar sem despentear os cabelos. O cara marcou, dividiu, cabeceou e o que restam de seus cabelos estão lá, intactos. Há quem diga que foi um laquê milagroso que ele adquiriu em recente viagem aos USA e que usa para disfarçar a queda acentuada.

Voltamos para o segundo tempo e o RN perdeu seu craque, Serginho, que viu a enrascada onde se meteu e inventou um compromisso inadiável para ir embora, deixando o RN sem uma referência. Capistrano entrou para mostrar seu percentual quase mais ou menos aproximadamente 73%. O sol esquentava e a bola nada de entrar no gol de qualquer das equipes, com os goleiros mostrando serviço. Num lance de sobra na intermediária, o manager do JURIS limpa a jogada e toca para o gol, com categoria, aliviando os que estavam vestidos de Real Madrid. Na jogada seguinte ele arriscou um chute da sua intermediária, sentindo-se o próprio Roberto Carlos (o lateral) naquela antiga propaganda da Rider em que a chinela explode na parede, assustando a espanholinha.

Nesse momento, quando uns cinco meninos daqueles que pastoram os carros saíram para ajudar Angelo a procurar onde estava a bola chutada por Camilo, um dos momentos mais emocionantes de toda a história de nosso campeonato. Max Natalino, uma pilastra física e moral da zaga do Real, pede para sair. Alega que a idade já não lhe permite tanto esforço e que o sol forte estava causando cansaço em demasia e fadiga muscular. TODOS que estavam nas arquibancadas – uma multidão de umas ... 03 pessoas -, aplaudiu de pé o valente zagueiro. Paulo Rogério, um dos que estavam na arquibancada e foi lá só para assistir o seu ex-time jogar, puxou o coro de voz única: MAX, VOCÊ É O MÁXIMO!    

Então, o imponderável. Carlos “Bago” faz bela jogada individual e ao entrar na área, na hora do arremate final, passa a bola para Andreo que entra com bola e tudo e corre para cima de Charles para saber se desta feita tinha anotado o gol para ele.

Números finais do jogo: 3x0 para o JURIS, com o Real New caindo na real.  



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